Há pouco mais de um ano o governo Sírio vem enfrentando confrontos acirrados com a oposição, que a imprensa ocidental, inclusive a brasileira, vem classificando como massacre a civis. Mas que civis são estes e que oposição é essa que lutam com forças semelhantes a do governo? Caso bem semelhante é a Líbia, onde a OTAN deu novo nome a oposição, a chamando de Conselho Nacional de Transição, financiado-a com armamento, e apoio aéreo autorizado pela ONU. Em menos de um ano Muammar Kadaffi cai e é assassinado em praça pública, e por incrível que pareça a Líbia, segundo a Anistia Internacional, nunca esteve tão longe de se estabelecer os direitos humanos, tornou-se uma nação armada sem controle.
Com a Síria não deixa de ser o mesmo. Alvo de interesses econômicos, a oposição daquele país desde 2006 vem sendo procurada pelo governo Americano. Vejamos abaixo reportagem publicada pelo site Opera Mundi no dia 10 de fevereiro.
O governo dos Estados Unidos financiou a oposição ao regime de Bashir Assad por meio da campanha “Anunciando a Democracia Síria”. A revelação é de um telegrama de 27 de fevereiro de 2006, vazado pelo site Wikileaks em 30 de agosto de 2011.
No documento, enviado por Stephen Seche, diplomata na embaixada em Damasco, o governo dos EUA afirma que a campanha contra o presidente sírio inicialmente provocou reações contraditórias entre os membros da oposição local.
Enquanto alguns políticos oposicionistas enxergaram a situação com mais entusiasmo, outros consideraram a oferta "insultante". No despacho, o diplomata relata a reação de um opositor e ex-preso político, que teria acusado os EUA de quererem apenas instrumentos políticos e não parceiros realmente dispostos a estabelecer democracias no Oriente Médio.
Com o passar do tempo, no entanto, a maior parte dos opositores passou a ver com bons olhos a ajuda norte-americana, um sinal de que Washington “não queria acordo” com o regime de Assad. Eles também deram sugestões de como os EUA poderiam ajudar os opositores
Basil Dahdouh, deputado independente, achava que a oferta de dinheiro era um importante sinal do apoio dos EUA à oposição na Síria. Era um indicativo que os EUA estavam dispostos a cooperar com a queda do regime de Assad. Entretanto, Dahdouh criticou o modo como a oferta foi feita: “burocrática, legalista e pública” demais. Isso poderia enfraquecer a iniciativa, de acordo com o parlamentar.
Em vez disso, Bahdouh sugeriu ajuda financeira às famílias de presos políticos. De acordo com o parlamentar, algumas centenas de dólares mensais evitariam o empobrecimento dessas famílias. O parlamentar não disse como seria possível implementar um programa dessa natureza, mas sugeriu que o dinheiro poderia ser entregue aos familiares dos dissidentes pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha.
Bolsas de estudo, programas culturais, prêmios e outras iniciativas poderiam ser utilizadas para enviar dinheiro à oposição síria. O parlamentar também sugere um “centro de traduções”, no qual seria dada voz à imprensa alternativa, crítica de Assad. O objetivo, segundo Bahdouh, era remeter o dinheiro “sem gerar controvérsias”.
Reação
Uma das mais violentas reações contra a ajuda americana veio do dissidente Yassin Haj Salleh, preso pelo regime de Assad por 18 anos. Ele considerou a proposta insultante e pediu que os EUA “parassem de negociar com os sírios desse modo desrespeitoso”. Para Salleh, os EUA deveriam apoiar não só a democracia na Síria, mas também o governo palestino eleito democraticamente do partido Hamas.
Para Salleh, a postura dos EUA é incoerente: “Vocês cortam milhões de dólares em ajuda à Palestina e oferecem centavos para estimular a democracia na Síria”, criticou o dissidente. Segundo ele, os EUA são hostis à qualquer ideia de real independência árabe, mesmo nos dias de hoje: “Vocês não querem parceiros, querem instrumentos”.
A reação pública à ajuda também foi dividida. Os nacionalistas mais tradicionais rechaçaram qualquer ajuda e as outras reações continham mais nuances.
Hassan Abdul Azim, porta-voz do Grupo Democrático Nacional, coalizão de cinco partidos da oposição, constituído de pan-arabistas e ex-comunistas, disse que seu grupo recusaria qualquer “financiamento ocidental” e puniria membros que aceitassem aquele dinheiro.
Para o ativista Michel Kilo, os problemas da oposição síria não são financeiros, mas políticos. Segundo Kilo, a principal objeção ao dinheiro americano é a política dos EUA para o Oriente Médio e para a Palestina, finaliza o diplomata americano.
Fonte: Opera Mundi
Bem parece que finalmente em 2010 chegaram a um acordo, e a oposição Síria animada com os resultados obtidos na Líbia deram inicio a sua ofensiva.
Por Akira
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