Tudo começou no início dos anos 80. O Exército Saudita começara a estudar propostas para um novo carro de combate, a fim de complementar seu arsenal, e no futuro substituir os carros AMX-30, franceses. Portanto, se tornaria espinha dorsal da cavalaria saudita. Como o equilíbrio de forças no Oriente Médio sempre foi muito delicado, os exércitos daqueles países tendem a ser enormes. No caso da Arábia Saudita, favorecida pelas suas grandes exportações de Petróleo, poderiam comprar os melhores equipamentos possíveis.Tudo apontava para a compra dos Leopard 2 alemães, que estavam entrando em produção para o exército alemão. Esse veículo era extremamente confiável, e uma geração à frente do Leopard atualmente usado pelo Exército Brasileiro.
Entretanto, o governo da Alemanha Ocidental (lembre-se, são os anos 80, existem duas Alemanhas) recusou-se a vender os Leopard 2, alegando que não poderia vender armas avançadas a países de fora da OTAN. Isso deixou os árabes com as calças na mão, não sabendo onde recorrer para obter um veículo de ponta, que pudesse ser-lhes entregue em grandes quantidades. Para os entendidos de mercado, isso é uma oportunidade de ouro, coisa que foi percebida aqui no Brasil. Entra em cena a Engesa.
A Engesa (Engenheiros Especializados S/A) era a maior fabricante de blindados da América Latina. Estava obtendo sucesso com dois de seus produtos, os carros Cascavel e Urutu, usados pelo Exército Brasileiro e exportados, principalmente para o Oriente Médio, onde tomaram parte na guerra Irã-Iraque. Naqueles anos, eles viviam sua melhor fase. Sabendo da oportunidade, os brasileiros se agitaram, pensando em apresentar aos sauditas um tanque genuinamente brasileiro.
Entretando, a Engesa ainda não desenvolvera nenhum veículo blindado sobre lagartas, e no caso do projeto, um MBT (Main Batlle Tank), eles possuíam experiência nula. Isso seria o equivalente a um fabricante de motocicletas querer construir um carro. Ainda por cima seu pessoal estava ocupado com outros projetos, o que tornaria difícil o desenvolvimento de um projeto deste porte, que demandaria quase todo o pessoal da empresa.
Por isso, eles decidiram por comprar algum projeto desenvolvido em outra empresa e construí-lo aqui, para mostrá-los aos Sauditas. Surgiu então uma proposta da empresa Alemã Tyssen-Henschel, que possuía um projeto chamado Leopard 3 e que estaria disposta a negociá-lo para os brasileiros. Só que o projeto era de um veículo de combate de infantaria muito semelhante ao TAM argentino, bem distante do conceito MBT. Os alemães recusaram-se a vender qualquer outra coisa senão o Leopard 3, o que tornara a negociação inviável, pois esse veículo pertencia a outro nicho, incapaz de competir com verdadeiros MBTs como o M1A1 Abrams americano.
A recusa da parte dos brasileiros, os levou de volta a estaca zero. Uma segunda oportunidade apareceu novamente na Alemanha, pois a Porsche se interessou em desenvolver um MBT junto com a empresa brasileira. A Porsche possuía experiência nesse tipo de blindados, e para os brasileiros, seria um ótimo aprendizado. Mas, novamente a parceria não deu certo, dessa vez por determinação do governo alemão, que ordenou que a Porsche cancelasse o projeto.
Diante do impasse dos grandes fabricantes de MBT, a Engesa tomou a decisão mais corajosa que se podia esperar: Decidiu procurar diretamente as empresas fornecedoras desses fabricantes e, com base na tecnologia aí adquirida, desenvolver ela mesma o projeto do MBT. Essa decisão custaria a vida da empresa mais no futuro, mas também traria ao mundo um dos melhores carros de combate que já existiram.
Obstáculos Iniciais
Desenvolver projetos independentemente é sempre mais difícil. Vários obstáculos teriam que ser transpostos, dentro e fora do país. O mundo vivia a guerra fria e a bipolarização, o que representava antagonismos no mercado de equipamento bélico: Ao mesmo tempo que aumentava as vendas de material militar, também dificultava este mesmo comércio, devido à desconfiança reinante entre países (exemplo disso foi citado acima, com os alemães).
No caso da Engesa, ainda teria que agradar ao Exército Brasileiro. Interessado no projeto, este emitiu um OBO (Objetivos Básicos Operacionais), que ditaria o projeto do Osório. Um dos grandes problemas deste OBO era a limitação de peso na casa das 36 toneladas, irreal para a configuração desejada pela Engesa para o projeto isso porque outros veículos, potenciais concorrentes tinham pesos entre 44 e 65 toneladas. O peso determinado pelo Exército não era de um MBT mas sim de um tanque leve. O Tamoyo III, veículo desenvolvido pela Bernardini em paralelo ao Osório se ateve ao OBO, e tornou-se um tanque médio, não um MBT.
Na verdade, o Exército Brasileiro não procurava por um MBT. Isto por dois motivos: O primeiro é a atribuição das forças armadas brasileiras. A atribuição das Forças Brasileiras é essencialmente defensiva, visando a proteção do território nacional. O Brasil daquela época já praticava a não intervenção e a neutralidade, exemplo claro disso foi a postura do país durante a guerra das Malvinas. A esse tipo de atribuição, pelo menos segundo o raciocínio dos generais de então, não cabia para um MBT, arma essencialmente ofensiva.
O outro motivo era simplesmente o alto custo que essas máquinas possuem. Isso aplica-se ao custo por unidade, e também aos custos de manutenção. Um veículo de primeira linha, como o Osório, seria obviamente caro para os padrões do Exército.
Contudo, tudo se negocia. Foi assim que a Engesa conseguiu reduzir as limitações que o Exército dava ao projeto. Foi fixada como meta para o peso o número de 42 toneladas. A limitação de largura seria mantida (3,20m). Essas limitações se davam por conta das ferrovias brasileiras, afinal, tanques não vão rodando até o campo de batalha. Fechados os parâmetros, começava o desenvolvimento do projeto.
Por essa época também definiu-se o nome do veículo: Osório. Em homenagem ao general Osório, patrono da arma de cavalaria do Exército Brasileiro, que liderou ao lado do Duque de Caxias o avanço sobre Assunção, e a gloriosa vitória na Guerra do Paraguai. Na Arábia Saudita, receberia do nome de Al Fahd, nome do monarca daquele país.
Depois disso, a Engesa enviou seus engenheiros pelo mundo para pesquisarem sobre o que poderia ser utilizado no projeto do EE-T1. Eles procuravam por equipamentos que seriam utilizados como motor, transmissão entre outros. Ainda haviam muitos obstáculos a serem vencidos, mas o Exército Brasileiro já começava a se empolgar com o projeto, e timidamente se movia para apoiar a empresa.
Alta Tecnologia: do projeto ao produto
Para construir o Osório, a equipe da Engesa lançou mão de tudo que se pudesse conseguir em termos de tecnologia. Vale lembrar que tudo isso foi feito sem um tostão de dinheiro público. O projeto foi tocado com recursos da própria Engesa. Isto foi a razão de sua ruína no futuro.
Os engenheiros, em suas viagens de pesquisa encontraram os melhores equipamentos disponíveis. A maioria europeus (Os americanos não vendiam equipamento militar de ponta). Assim, os engenheiros foram até a Defence Components Exhibition, na Inglaterra. Lá, se interessaram pela suspensão hidropneumática Dunlop, que estava sendo empregada no MBT inglês Challenger. Para usá-la, o projeto original teria de ser modificado, entretanto a vantagem oferecida era tamanha, que esta suspensão foi a escolhida.
Para a transmissão, optou-se pela ZF, LSG3000, pelo fato desta empresa possuir instalações no Brasil, e que a esta transmissão seria produzida aqui, obtendo-se uma redução de custos. Para o motor, tudo apontava para o MTU alemão, utilizado nos Leopard 1 e 2, e com a empresa prometendo sua fabricação no Brasil, só que o custo era elevadíssimo. Daí, a empresa decidiu inovar: Utilizou-se de um tal de TBD 234 de 1000 Cavalos, da também alemã MWM. Este motor, ainda não havia sido utilizado em blindados, mas a Engesa decidiu por apostar nele.
O desenho do projeto foi um capítulo à parte: O que hoje é banal, naquela época era um luxo, destinado apenas a superprojetos: Foi utilizada a tecnologia CAD, para desenhar o projeto com o auxílio de computadores. Isso mostrou que a Engesa não media esforços para fornecer um veículo de qualidade absoluta, digno de competir com o de melhor que os outros países pudessem produzir.
No quesito armamento, o projeto foi diversificado: Decidiu-se por duas versões: A primeira, a mais sofisticada, levaria canhão de 120 mm GIAT (francês), alma lisa. Esta seria a exportada para a Arábia Saudita. Uma segunda, utilizaria-se de do canhão 105 mm alma raiada L7/M68. Esta seria a versão do Exército Brasileiro (O canhão de 105mm é padrão no ocidente, portanto muitos países produzem munição, e seu custo de manutenção é mais baixo). O Chassi era o mesmo para as duas versões, as diferenças estavam na torre ( a do 120mm possuía melhores equipamentos eletrônicos). Como armamento secundário, uma metralhadora Hughes 7,62 mm, coaxial ao canhão e a famosa .50, atuando como defesa antiárea. O Osório possuía ainda, no alto da torre lançadores de granadas fumígenas, que formariam uma cortina de fumaça ao redor do tanque, impedindo-o de ser visto.
Para a blindagem, mais tecnologia: Em testes, concluiu-se que o Osório deveria utilizar-se de blindagem composta. Esta, é a palavra final em blindagem passiva até hoje. Falaremos mais dessa blindagem no tópico Poder defensivo. Isso foi decidido, pois esperava-se que um Osório suportasse um disparo direto de 120mm (afinal, se ele teria esse canhão, supõe-se que seus inimigos também o teriam). Assim, eles foram a Chobhan, Inglaterra obter a tecnologia de blindagem composta. Acabaram por contratar dois engenheiros especializados, que desenvolveram a blindagem composta aqui, juntamente com uma de aço criada pela Usiminas. Especulou-se usar blindagem reativa (reactive armour)[1] no Osório, e, apesar de nunca ter sido colocada, esta poderia ser utilizada. O Osório contava também com a frente bastante angulada, aumentando o efeito da blindagem (na parte superior, o ângulo da blindagem com o solo é de quase 0º).
O Osório contaria ainda com a proteção NBC (Nuclear, Biological, Chemical) capaz de conceder à guarnição proteção para qualquer tipo de arma. Essa proteção consistia de um isolamento total da cabine, criando um ambiente interno controlado. Entre esses dispositivos, cita-se como exemplo a abertura manual do canhão, mantendo o municiador fora de contato com a atmosfera exterior.
A eletrônica era avançadíssima e o tanque contava com telêmetro laser (que mede a distância do tanque ao alvo, calculando a elevação do canhão). Um computador de bordo, de 16 bits era alimentado por essas informações, fornecendo as melhores condições para o disparo. O refinamento tecnológico era tanto que ele possuía sensores para velocidade e intensidade do vento, condições atmosféricas, velocidade do projétil entre outros. O atirador e o comandante dispunham de visores diurnos e noturnos, variando conforme a versão da torre (105mm ou 120mm). O Osório tinha a torre estabilizada, e compensador de desníveis, mantendo o canhão na direção certa do alvo independente da mudança de terreno. Aliado à sua "janela de coincidência" o índice de acerto no primeiro tiro era de incríveis 95%. A margem de erro não passava de um círculo com 50cm de raio.
Protótipos, ensaios e testes iniciais
A Engesa fixara a preparação do primeiro protótipo para um ano após o início do projeto. Para ganhar tempo, eles entregaram o desenvolvimento das torres a Vickers, inglesa, sob a supervisão de engenheiros brasileiros, enquanto que o chassi era desenvolvido nas dependências da ENGESA (São José dos Campos, SP).
Enquanto isso, testes de blindagem eram realizados no CTA (Centro Tecnológico Aeroespacial), com a utilização de canhões de 25 mm suíços, comprados pela própria Engesa, em túnel balístico com modelos reduzidos de blindagem e aumento de velocidade dos projéteis, imitando-se assim o disparo de armas de 105mm e 120mm.
O primeiro chassi ficou pronto antes da torre, em setembro de 1984. A Engesa então acoplou-lhe uma torre falsa e o submeteu a testes de resistência, rodagem e ensaios dinâmicos, afim de consertar defeitos no conjunto. Os poucos que foram descobertos, foram sanados, e os parâmetros da suspensão hidropneumática, acertados.
Em maio de 1985 chegou a "torre padrão" equipada com o canhão 105mm raiado. Ela foi imediatamente acoplada ao chassi e testada. Em Julho deste mesmo ano, o Osório seguia para a Arábia Saudita a bordo de um 747 para seus primeiros testes no deserto. A intenção era enviar o protótipo com torre de 120mm (ainda não terminada) contudo os outros concorrentes já estavam apresentando seus modelos e a Engesa decidiu-se por levar o protótipo que já tinha, para analisar o desempenho do chassi no deserto. Lá encontrou-se com o britânico Challenger que também estava em fase de testes. O desempenho do Osório foi positivo, revelando deficiências em especial no quesito motor, mas eram falhas sanáveis, e o veículo era promissor. A equipe voltou ao Brasil muito animada com o que viu.
O Exército colaborava, e o CTEx (Centro Tecnológico do Exército) mantinha grande ligação com a equipe, mantendo engenheiros junto à Engesa, que os instruíam principalmente sobre a manutenção. A fábrica do motor efetuou modificações no propulsor que resolveram os problemas apresentados no deserto. Feito isso, o Exército Brasileiro iniciou uma bateria de testes com o Protótipo equipado com a Torre Padrão.
Os testes foram para elaboração do RTEx (Relatórios técnicos experimentais) e RTOp (Relatórios técnicos operacionais). Estes testes são elaborados para se avaliar tudo o que for necessário em um veículo. Assim, podia-se dizer que este protótipo passara por testes exaustivos, e fora aprovado pelo Exército Brasileiro. Os testes foram: Rodagem de 3.269 Km, sendo 750 no campo de provas da Marambaia - RJ (Terreno acidentado), além de tiro, 50 disparos no total. Os resultados empolgaram os militares brasileiros. Era só o começo de uma máquina que empolgaria o mundo.
Em princípio de 1986, a Vickers entregou a segunda torre, com canhão de 120mm. Imediatamente foi incorporada ao chassi e testado em RTEx e RTOp. Como seu predecessor, fora aprovado com louvor. Agora, era analisar o seu desempenho frente aos seus concorrentes.
A glória no deserto
Em Julho de 1987, o protótipo com o canhão de 120mm seguiu para a Arábia Saudita, para a nova fase da competição. Agora, os quatro veículos se confrontariam, em uma maratona de testes. Os veículos eram: O Britânico Challenger [2], o Americano M1 Abrahams [3], o Francês AMX-40 [4] e o brasileiro EE-T1 Osório.
Os testes consistiam de: 2.350 Km de rodagem, sendo 1750 Km em deserto. A guarnição que operaria o tanque era do Exército Saudita, escolhida por sorteio. Neste teste analisaria-se também o consumo de combustível que deveria ser no máximo de 2,1 Km/l em deserto e 3,4 Km/l em estrada. Rampas: Superar trincheiras de 3m de largura; arrancada, partindo do repouso em rampa de 65% de inclinação, rodar em rampa lateral de inclinação 30%, aceleração e frenagem no plano e em rampas. Resistência e manutenção: Remoção e colocação de lagartas em 40 minutos (10 para a retirada, 30 para a colocação), 6 horas com motor em funcionamento constante e veículo parado, 6 Km de marcha-a-ré e reboque de um carro de combate de 35 ton por 15 Km. Ironia do destino, o Osório rebocou o Abrahams, muito mais pesado do que 35 ton.
Tiro: 149 disparos. 82 com veículo e alvo estacionados a 4000m de distância; os demais com veículo estacionado e alvo em movimento e veículo e alvo em movimento a 1500m de distância. Foram reprovados os dois veículos europeus na disputa (O Challenger e o AMX-40), e o Osório, juntamente com o Abrahams foram declarados passíveis de compra. Sendo que o que mais impressionara nos testes fora o Osório, mostrando-se superior ao Abrahams, e mais barato.
A euforia brasileira foi enorme. O contrato chegou a ser preparado com previsão de se construir inclusive uma linha de montagem na Arábia Saudita. Militares Sauditas vieram ao Brasil para receber treinamento em tecnologia de blindados (de repente um país que já fora essencialmente agrícola exportava tecnologia bélica). O Exército Brasileiro estava exultante, pois o contrato incluía no preço final um acréscimo de 10% para o Exército Brasileiro (assim, a cada dez unidades vendidas para os sauditas uma seria entregue ao Exército Brasileiro, paga pelos Árabes). O negócio era da ordem de bilhões de dólares. Cada unidade do Osório de série custaria 1,2 milhões de dólares. O sucesso do Osório não tinha limites: Não satisfeito, em 1988 no Abu Dhabi, numa espécie de revanche o Osório tornou a derrotar os mesmos três adversários acrescidos do C-1 Ariete Italiano, mostrando que, no cenário mundial, o Osório era o veículo a ser batido. O mundo curvava-se ao poder brasileiro.
O único veículo de sua categoria contra o qual o Osório não competiu foi contra os tanques russos. Eram os tempos de guerra fria, e não haviam muitos tanques russos por aí para se fazer comparativos. De qualquer forma, apanhando-se o melhor MBT russo da época contra o Osório, teríamos no mínimo um embate impressionante. Para atender a essa futura demanda, a Engesa planejava expandir seu parque em cerca de 1.200 metros quadrados, aumentar seu maquinário, expandir seu quadro em 500 ou mais funcionários, trazendo empregos, divisas e tecnologia. A vitória e as vendas para os sauditas eram dadas como certas, e uma pré-série começava a ser construída, para exportação.
Outros mercados ainda eram sondados: O Iraque se interessou no veículo (se o tivesse comprado, certamente os Abrahams teriam tido um bom trabalho para avançar pelo Iraque), tendo inclusive o ministro da defesa iraquiano vindo ao país para conhecer o carro.
Derrota no tapetão ou negócio de risco?
Finalmente, os EUA entraram em campo. Alegando, basicamente, que o Brasil não respeitava acordos internacionais e, principalmente, que negociava com nações tidas como inimigas, fizeram com que a Arábia Saudita hesitasse em fechar o acordo com a ENGESA. Hesitação que tornou-se recusa com a eclosão da operação Tempestade do Deserto contra o Iraque em 1991, fazendo com que os laços entre os EUA e a Arabia Saudita se estreitassem de tal forma, que os sauditas decidiram ignorar a impressionante capacidade bélica demonstrada pelo EE T1 Osório e assinar o acordo com seu principal aliado, os próprios EUA. No fim, o M1 Abrams levara a melhor no cenário político.
Dada a natureza da empreitada, dos obstáculos enfrentados e, principalmente, pelo risco de se investir quase todos os seus recursos num projeto voltado para compradores estrangeiros,era até certo ponto natural a Engesa se encontrar atolada em dívidas. Mas, nesse momento, demonstrou-se os verdadeiros riscos da empreitada:a não disposição do governo brasileiro em investir nesse ramo e a conseqüente falta de compradores para o EE T1 Osório.
A falta de disposição do governo brasileiro demonstrou-se, principalmente, pela modesta atuação tanto na política em prol do produto, tanto quanto na ajuda financeira diante da situação precária da Engesa. Em resumo, a ausência de dinheiro para o Exercito Brasileiro em adquirir o EE T1 Osório foi interpretada pelo mercado como sendo, na verdade, uma falta de interesse do mesmo no produto. Levando a conclusão de que se nem o próprio Exercito Brasileiro compra o tanque, porque os compradores de outros países iriam comprar? Essa situação fez com que o glorioso EE T1 Osório virasse mais um elefante branco na história brasileira.
O primeiro Osório de pré-série foi cortado e vendido como sucata, seus equipamentos devolvidos (canhão, optrônicos, motor, transmissão...) aos fabricantes para aliviar as dívidas. Patrimônio foi vendido e em 1993 a Engesa faliu. Era o fim da linha.
Os protótipos construídos e sobreviventes (Torre padrão e o de 120mm) ficaram sob custódia do Exército, mas sem pertencerem a este, portanto quase abandonados. Esses veículos seriam leiloados em 20 de novembro de 2002, contudo, o ministério público de São Paulo impetrou ação, impedindo a venda destes veículos. Eles seriam vendidos por R$ 300.000,00 as duas unidades, para um comprador particular, uma quantia irrelevante frente aos 50 milhões de dólares gastos em seu desenvolvimento. E mesmo se fosse considerar apenas o veículo, seu valor é bem maior do que este.
Finalmente em 22 de março de 2003, ocorreu uma cerimônia de entronização no quartel do 2º RCC em Pirassununga SP, onde o protótipo 2 (P2) equipado com canhão de 120mm desfilou no esplendor de sua glória perante as autoridades, escoltado pelos demais veículos da cavalaria daquele regimento. Era o renascimento do poderoso Osório. O outro protótipo (P1) com canhão de 105mm está sendo restaurado, pois o tempo lhe trouxe alguns "ferimentos" que logo serão reparados e ele também será incorporado a este regimento.
Hoje, ambos os veículos são de propriedade do Exército Brasileiro, e lá ficarão, como monumentos à memória e a tecnologia do Brasil, e os primeiros e últimos de um carro, que poderia estar por todo o planeta hoje, combatendo vencendo guerras, e preservando a paz e a soberania dos países.
Até hoje, o Osório constitui o carro de combate mais avançado do inventário do Exército Brasileiro (único com canhão de 120mm), e duas gerações a frente do Leopard, hoje principal carro de combate em uso no Brasil. Em Abril de 2003, ele esteve exposto na LAD 2003 (feira de material de defesa) no Rio de Janeiro. Impressionou várias delegações estrangeiras, mesmo tendo sido fabricado na década de 80. E quem pensa que o projeto Osório foi engavetado, pode ter se enganado. Em 2003, foi aprovado um plano de reforma do Exército Brasileiro, e encontra-se em estudo, uma reformulação e possível produção do MBT Osório. Os meios de produção encontram-se em poder do Exército, portanto, a possibilidade existe.
O apresentador Goulart de Andrade conta a história da ENGESA e do tanque EE-T1 Osório no seu programa "Comando da Madrugada".
Fragmentos do site battlecentral.xpg.com.br
Excelente matéria! É bom ficar sabendo.
ResponderExcluirApesar de não ter sido citado no post, o contrato era pra ser de cerca de 700 modelos (segundo outras fontes). Imagine o tamanho do prejuízo.
ResponderExcluirO Brasil sem duvidas tem tecnologia pra competir com as demais potencias!!
ResponderExcluirMuita gente... Se pode-se chamar assim levou a melhor para que o EET1 fosse tirado de circulação, conheço o potencial dessa máquina, andei nele e participei de alguns testes, realizados principalmente na Unidade de acampamento 5, localizada em Goias, masi precisamente em Formosa GO.
ResponderExcluirHoje, várias unidades se encontram no pátio da extinta Engesa, e sua tecnologia está em mãos de outros governos, os mesmos que nos chamaram de inimigos...
É por essas e outras q tenho verdadeiro nojo de americanos, e muito me entristece o governo brasileiro, q prefere levar vantagem financeira em vez de se preocupar com a soberania da naçao, a mesma naçao q pôs estes governantes no poder.
ResponderExcluiro q me deixar puto é essa covardia do governo brasileiro frente aos estados unidos, um projeto como esse era pra ter total apoio do governo federal, o único investimento que o governo federal faz no brasil é na corrupção, é uma pena.
ResponderExcluirMeu pai participou da confecção do chassi do Osório!!! \o/
ResponderExcluirEu pude ver muitas dessas máquinas se acabando pelo tempo no pátio da ENGESA no meu tempo de serviço militar.
ResponderExcluirNós brasileiros temos orgulho de nossa gente, ja mostramos que somos superior a qualquer pais do mundo, tanto, q nunca fomos desafiados. Nosso problema é nossos governantes, que não querem que o povo saiba de sua capacidade, para poderem ROUBAR, tanto q é o unico pais que não investe pesado em educação. Prestei serviço militar e digo que lá é tanta politica e puxação de saco que eles não tão nem ai pro reservista que deixa o serviso militar chorando por não conseguir uma vaga, por que, no seu lugar ficou alguém que soube mexer os pauzinhos pra conseguir o que quer. Esse tipo de coisa me deixa chateado. Sempre tive vontade de servir, fiz de tudo pra ficar e depois de nove meses pedi pra sair, tamanha ignorancia dos superiores, punições por qual quer bobagem, nem minha QM de mecanico me ajudou. Por isso digo, quer ser militar, faça a ESSA ou estude muito e entre na escola de formação oficiais do exercito.
ResponderExcluirputa merda !
ResponderExcluirVcs sabiam que o osorio voltara a ser fabricado. Se estiverem com duvidas entrem no site
ResponderExcluir"Notícia Militar : EE-T1 Osório volta a ser Fabricado"
E um monte de brasileiro paga pau pra americano, raça de filhos da puta.
ResponderExcluirEssa história do Osorio ainda dói demais, não é.
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