segunda-feira, 19 de março de 2012

A Mais Antiga Língua

 Segundo o que narra Heródoto, o faraó Psamético I, interessado em descobrir a mais antiga das línguas confiou dois recém-nascidos a um pastor com a ordem de educar as crianças sem lhes dirigir a palavra. Aliás, o rei proibiu toda e qualquer comunicação oral com elas. Dessa forma, pensava o rei, a primeira palavra que estas crianças pronunciaram seriam da língua mais antiga do mundo. Volvidos alguns anos, o pastor informou o rei que as crianças apenas falavam a palavras “bekos”. Após algumas investigações descobriu-se que “bekos” significavam “pão” em frígio, logo, o frígio seria a mais antiga das línguas.


Uma discussão que era tradicional nos meios acadêmicos e escolásticos medievais era a questão da língua falada por Adão e Eva. Muitos acreditavam ser o hebraico, por isso o imperador Frederico II (1212-1250) voltou a experimentar a fórmula de Psamético, mas com a diferença das crianças apenas serem amamentadas e retiradas do contacto com outros humanos. As crianças morreram antes de se chegar a alguma conclusão. Alguns anos depois foi a vez de Jacob IV da Escócia tentar a sua versão da experiência, mas com amas surdas. As crônicas rezam que as crianças falavam um hebraico perfeito.

Só no século XVII é que Johann Herder prova que a linguagem humana não era um dom divino, mas sim uma construção mental. Herder dizia que a língua surgiu de um impulso que o ser humano tem em falar de se expressar.


Versão da Revista Superinteressante sobre Adão, Eva e o idioma mais antigo


O casal-maior da Bíblia existiu, mas não do jeito que você imagina. Eva, cientificamente falando, é a ancestral comum entre todos os Homo sapiens vivos agora. Todos nós temos uma única tatata(...) tataravó. Essa é a Eva da vida real, uma mulher que viveu há 200 mil anos. Adão? Bom, a ciência sabe que todos os sapiens machos que existem hoje têm um ancestral comum - é o Adão da ciência. E ele nasceu mais de 100 mil anos depois. Adão e Eva, portanto, não se conheceram. E essa história fica mais louca ainda: existe um terceiro elemento aí, que não é nem a mulher que deu origem a nós nem o patriarca de todos os machos modernos. É um amante, digamos assim. Porque hoje a ciência já sabe que a maior parte da humanidade tem outro ancestral comum: o neandertal. Você conhece: a espécie prima da nossa, só que 200 mil anos mais antiga, e que acabou extinta dezenas de milhares de anos antes de o homem ocupar a Mesopotâmia - o lugar que a Bíblia chamaria de Jardim do Éden, a morada do Adão e da Eva tradicionais... Mas só agora a ciência começa a desvendar a realidade sobre a nossa origem. E encontrou uma suruba genética ali. 

Vamos apresentar duas pessoas intrigantes: o Adão do cromossomo Y e a Eva mitocondrial. A existência desses dois só pôde ser revelada, nos últimos anos, graças a duas particularidades da reprodução humana. Nosso material genético é composto de 46 cromossomos, dos quais 23 vêm do pai e outros 23 vêm da mãe. Só que dois desses cromossomos são os que definem o sexo e são diferentes entre homem e mulher. Quando o sujeito é macho, tem um na versão Y e outro na versão X. Quando é fêmea, tem dois X. 

O resultado disso é que, nos homens, como os cromossomos sexuais não formam par idêntico (XY), a maior parte do material do Y nunca se mistura ao do X, diferentemente do que acontecem com os outros pares de cromossomos antes de passar à próxima geração. Na prática, isso significa que o Y é transmitido intocado de pai para filho. 

Ao longo das gerações, claro, algumas mudanças ocorrem nele por causa de mutações. E aí está a chave para a descoberta do Adão do cromossomo Y. Ao comparar as sequências de letrinhas inscritas no Y de diversos homens vivos hoje e sabendo em que ritmo essas mutações se acumulam no DNA ao longo do tempo, é possível estabelecer quando viveu o homem que seria ancestral direto de todos os que existem agora. 

Não é uma conta exata, evidentemente. Mas, ao que parece, esse sujeito viveu na África entre 90 mil e 60 mil anos atrás. Sua época coincide mais ou menos com o momento em que os primeiros humanos modernos conseguiram sair da África e iniciaram a colonização do globo e também com o surgimento dos comportamentos culturalmente sofisticados típicos de gente como a gente.

E quanto à Eva da ciência? Dá para concluir quem foi ela com base no chamado DNA mitocondrial. As mitocôndrias são organelas celulares que produzem energia no interior das nossas células. Elas têm seu próprio conjunto de genes, o que faz cientistas suporem que sejam antigas bactérias que foram absorvidas pelas nossas células em uma época remota, quando as únicas formas de vida na terra eram microrganismos. Mas o importante para nós aqui é que as mitocôndrias que habitam seu corpo hoje são descendentes diretas das mitocôndrias que havia no óvulo da sua mãe antes mesmo de ser fecundado. Os espermatozoides do seu pai também tinham suas mitocôndrias, mas elas são perdidas quando ele adentra o óvulo. O resultado é que seu DNA nuclear (presente no núcleo das suas células) veio metade do seu pai e metade da sua mãe, mas o DNA das suas mitocôndrias só veio da sua mãe. 

Fazendo a mesma análise que se aplica ao cromossomo Y, dá para descobrir, pela taxa de mutações, quem foi a dona das mitocôndrias que servem como ancestrais comuns para as que estão em circulação nos nossos corpos hoje. E aí terminam as semelhanças entre a mitologia religiosa de Adão e Eva com a versão científica da história, pois, pelos cálculos dos cientistas, a Eva mitocondrial nem chegou a conhecer o Adão do cromossomo Y. 

Datar DNA mitocondrial não é a coisa mais simples do mundo. Mas um novo estudo estatístico, divulgado no ano passado, parece ter chegado à melhor estimativa possível da época em que viveu a Eva mitocondrial. E ela coincide com os mais antigos vestígios de Homo sapiens, de 200 mil anos atrás. 

Uma coisa relevante, e que dá credibilidade ao resultado, é que os cientistas usaram dez modelos diferentes para calcular a idade com base nas mutações do DNA mitocondrial, e todas apontaram mais ou menos na mesma direção. "A estimativa foi muito similar em todos os casos, o que torna nosso resultado mais robusto", diz Mark Kimmel, professor de estatística da Universidade Rice, nos Estados Unidos, e autor do estudo, publicado na revista científica Theoretical Population Biology.

Independentemente da época em que surgiu, a primeira língua nasceu mesmo na África. Ou pelo menos é o que sugere uma nova análise feita por Quentin Atkinson, psicólogo da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia. Ele usou uma técnica inédita para identificar a idade das línguas: o número de fonemas presentes em cada uma delas. 

Ele partiu do princípio de que, quanto mais fonemas tem um idioma, mais antigo ele é - os sons iriam se acumulando na língua ao longo dos milênios. Curiosamente, no mundo todo, os que têm mais dessas unidades sonoras básicas estão no sul da África, o continente onde a Eva mitocondrial e o Adão do cromossomo Y viveram e morreram. Bom, se é claro que os idiomas atuais do sul da África são os mais antigos, também é fato que eles provavelmente guardam pouca semelhança com a "língua-mãe" - caso realmente tenha havido uma. Se meia dúzia de séculos já muda bem uma língua (o português arcaico das cantigas de amigo está de prova, "minha senhor"), imagine quase 2 mil séculos. 

Mas dá para conluir algo. Com toda a probabilidade, a língua-mãe devia ter sons como cliques (aqueles que saem quando produzimos estalos na boca), usados hoje em pouquíssimos idiomas presentes entre tribos isoladas africanas, notadamente os !Kung (a exclamação se lê como um clique) e os Hadzabe. As línguas desses povos têm pouco em comum, exceto os cliques, mas uma análise de seu DNA mitocondrial mostra que eles pertencem a duas das linhagens mais antigas da humanidade. São parentes mais próximos de Eva. Então provavelmente ela falava dando estalinhos com a boca. Além disso, os linguistas já perceberam que é raro uma língua ganhar cliques conforme evolui. Então, a preservação dos cliques nas tribos africanas só pode ser um traço da língua-mãe. Mas será mesmo? A verdade é que o desejo de conhecer nossas origens ainda vai além do que a ciência pode explicar. Mas já avançamos um bocado, e um quadro mais límpido começa a se cristalizar. Límpido, mas com detalhes picantes.

Revista Superinteressante



Hebraico


Hebraico é o idioma mais antigo conhecido pela humanidade. É a interface da humanidade com Deus. A terminologia na qual o universo foi criado. O idioma da Torá. A resposta da erudição judaica ao latim. O vernáculo dos Patriarcas. A língua mãe do povo judeu. A palavra "hebreu" deriva de "Ivri," ou "que está do outro lado," uma frase da Torá descrevendo Avraham, que imigrou para Israel vindo do lado leste do Rio Eufrates. Um judeu – descendente de Avraham – era assim chamado de Ivri até chegar à palavra "Yehudi," ou "Judaíta" (da Judá bíblica) que deu origem à palavra "judeu." "Hebraico" também pode significar "judeu" ou algo referente ao judaísmo, i.e., Escola Hebraica. 

O hebraico (עברית, ivrit) é uma língua semítica pertencente à família das línguas afro-asiáticas. A Bíblia original, a Torá, que os judeus ortodoxos consideram ter sido escrita na época de Moisés, cerca de 3.300 anos atrás, foi redigida no hebraico dito "clássico". Embora hoje em dia seja uma escrita foneticamente impronunciável, devido à não-existência de vogais no alfabeto hebraico clássico, os judeus têm-na sempre chamado de לשון הקודש, Lashon haKodesh ("A Língua Sagrada") já que muitos acreditam ter sido escolhida para transmitir a mensagem de Deus à humanidade. Por volta da primeira destruição de Jerusalém pelos babilônios em 586 a.C., o hebraico clássico foi substituído no uso diário pelo aramaico, tornando-se primariamente uma língua franca regional, tanto usada na liturgia, no estudo do Mishná (parte do Talmude) como também no comércio.

Fragmentos wikipedia



O Copta


O Copta foi o idioma da última fase do Egito Antigo. A palavra Copta derivou-se da palavra árabe 'Qibti' que, por sua vez, é a corruptela da palavra grega 'Aigyptioi', que significa Egito. O Copta sugiu na era cristã, foi a língua oficial da igreja egípcia, mas acabou perdendo terreno para o Árabe e, no final do século 17, estava em extinção. No século seguinte, porém, muitos estudiosos se dedicaram ao Copta, o que, mais tarde, foi de vital importância na decifração dos hieroglifos.

O Copta, um idioma semítico, é uma ponte que liga os coptas às suas raízes egípcias ancestrais. Ele possibilitou registros escritos contínuos da sua civilização de mais de 6.000 anos, a mais longa das ainda existentes - uma civilização que tem sido considerada, desde sempre, uma verdadeira maravilha de aquisições. Suas realizações abrangem quase todas as áreas das atividades humanas como a arte, a arquitetura, a medicina e, obviamente, suas notáveis técnicas de embalsamamento. Para poder relatar a grandeza desta linhagem, uma linguagem comum se faz necessária - e esta língua é o Copta. Ela incorpora a mesma língua egípcia dos tempos ancestrais, que era escrita com os hieroglifos pictóricos, o Hierático prático e os úteis caracteres demóticos.

O Copta era uma língua oficial no Egito até o século 13, quando foi substituído pelo Árabe. Está ligado aos cristãos egípcios e a figuras como São Marcos Evangelista, Santo Antônio, São Pacômio, São Macário, Santo Atanásio, São Teófilo, São Cirilo, todos escrevendo aos monges coptas usando o idioma Copta. Na atualidade, os cristãos coptas falam Árabe mas usam o Copta nas suas cerimônias religiosas.

A forma padrão do alfabeto copta é a Sahidic. Consiste de 24 letras gregas e de 6 sinais "emprestados" do demótico em forma não hieroglífica, uma escrita do Egito antigo. Estes símbolos servem para os sons do Copta que não encontram correspondentes no Grego.

Fragmento www.numaboa.com.br




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