segunda-feira, 12 de março de 2012

Previsões e Profecias

Muitas vezes acreditamos que previsões e ou profecias surgem do acaso, mas não é bem assim. Por traz de tudo isso existe um padrão matemático quase sempre oculto, e é o que iremos procurar lhes mostrar neste post.




Teoria dos Jogos


Teoria dos Jogos é a ciência da estratégia. Em outras palavras, é sobre antecipar como os outros vão responder ao que você fará e simultaneamente eles estão pensando o mesmo sobre você. Na maioria das vezes que você toma uma decisão, o resultado dela depende da reação dos outros jogadores (concorrentes, parceiros, chefes, etc), onde cada um busca o melhor para si numa complexa relação de interdependência de estratégias similar a um jogo. Teoria dos Jogos é um estudo sobre as tomadas de decisões estratégicas e a lógica destas interações humanas.

A teoria dos jogos tem a finalidade de prever os movimentos dos outros jogadores, sejam eles concorrentes ou aliados, através dessa teoria os jogadores se posicionam da melhor forma para obter o resultado desejado. 
O objetivo da teoria dos jogos é entender a lógica na hora da decisão e ajudar a responder se é possível haver colaboração entre os jogadores, em quais circunstâncias o mais racional é não colaborar e quais estratégias devem ser adotadas para garantir a colaboração entre os jogadores. 
A teoria dos jogos, por meio da matemática, equaciona os conflitos, onde o foco são as estratégias utilizadas pelos jogadores. 


Algoritmos

 Um algoritmo é caracterizado por qualquer forma de resolver um problema de forma procedural a partir de padrões e regras. Veja um exemplo:

Cinco vezes cinco é igual ao número cinco somado cinco vezes.

5 X 5 = 5 + 5 + 5 + 5 + 5

Isso, de forma simples, é um algoritmo.


Algoritmo computacional

O algoritmo computacional se estende dessa idéia. É um programa que realiza procedimentos para solucionar um problema.

A diferença está na forma que isso deve ser feito. Algoritmos computacionais usam estruturas que ajudam o processador a chegar a um determinado resultado. Ou seja, o programador tem que realmente expressar como chegar ao resultado passo-a-passo, pois não existe o óbvio para o computador.

Para isso, define-se que para criar um algoritmo (programa) é apenas necessário três estruturas:

Estrutura de procedimento

Estrutura seletiva

Estrutura repetitiva

E, para isso, podemos também usar alguns paradigmas dos dias atuais, como a programação orientada a eventos e a programação orientada a objetos.




Vejamos um exemplo de alguém que aplicou a Matemática em uma forma singular de se fazer previsões.


Bruce Bueno de Mesquita


Acadêmico com bom trânsito na mídia, autor de mais de uma dezena de livros e centenas de artigos, Bruce Bueno de Mesquita (New York University) já foi chamado de “Nostradamus da Ciência Política” por prever com precisão e eficácia o desdobramento de processos políticos complexos com base em modelos formais de teoria dos jogos. Sua última obra, além de uma honesta autobiografia acadêmica sobre a trajetória de um obscuro doutorando em Ciência Política da Universidade de Michigan que acabou montando uma discreta e bem-sucedida empresa de consultoria para serviços de inteligência do governo e grandes corporações, é também um provocante panfleto teórico-metodológico.

O modelo é simples, mas nada simplório. Basicamente, consiste em alimentar um software com informações obtidas a partir de pesquisas e entrevistas com especialistas sobre (1) os atores envolvidos e potencialmente interessados na decisão a ser tomada (2) a posição que eles assumem em relação à questão, (3) a importância que eles atribuem a sua solução e (4) o poder que os atores têm para influenciar os demais e “atraí-los” para sua posição.

A partir desses dados, o programa elabora uma série de matrizes que definem, em diversas rodadas, as percepções que os atores têm uns dos outros e a probabilidade com que eles irão coordenar esforços, entrar em conflito, pressionar seus rivais ou simplesmente aquiescer. Cada rodada gera uma situação em que as posições, a influência e/ou a importância atribuída vão se ajustando estrategicamente (competitiva ou cooperativamente), configurando a situação que seria conveniente para cada um dos envolvidos. O jogo continua até que uma coalizão estável de atores poderosos se forme próximo à mediana. Quando a distribuição de coalizões se polariza, tem-se uma situação de conflito iminente.

Claramente, a obra se dirige ao público não-especializado. As complexas equações de utilidade e cálculo de custo-benefício são deixadas para as referências bibliográficas. Do instrumental teórico empregado, apenas rudimentos de Escolha Racional são apresentados nos capítulos 2 e 3. BdM se esforça para convencer-nos de que sua metodologia, rigorosamente científica, não apenas permite aos decisores antever os resultados de complexas interações estratégicas como também moldá-las de forma a produzir resultados favoráveis (seja evitar a deflagração de uma guerra ou a detectar, com anos de antecedência, empresas com alto risco de fraudes).

É com surpresa e diversão que o vemos contar como foi contratado para manipular as regras de escolha do diretor de uma empresa de forma a eliminar o candidato preferido pela maioria dos diretores (mas detestado pelo gerente que iria ser substituído), permitindo a eleição de um nome que sequer estava entre os três primeiros (problema que remete ao célebre paradoxo de Condorcet: as preferências coletivas são cíclicas, ou seja, quando agregadas não produzem equilíbrios estáveis, sendo sempre possível fazer uma coalizão alternativa de votos que vença na barganha; daí, quem elabora as regras de votação pode arranjá-las de tal forma que sua opção preferida seja a escolhida e o processo pareça imparcial).

Toda versatilidade do modelo é testada quando aplicado para elaborar interessantes contrafactuais de eventos históricos (a decadência de Esparta, a deflagração da I Guerra, a ascensão de Hitler) e reinterpretar a importância das instituições na modulação de processos de longa duração (para BdM, a formação dos Estados nacionais e a decadência da Igreja Católica foram consequências diretas das regras estabelecidas com a Concordata de Worms, em 1122).

O autor é o primeiro a chamar atenção para os limites do seu modelo: ele não é aplicável a dinâmicas de mercado (onde os atores interagem espontaneamente) e a incorporação da dimensão temporal é problemática (e não é bem explicada no livro). Também deixa claro que, para funcionar adequadamente, depende não apenas de informação bem pesquisada, mas também da elaboração de questões pertinentes e precisas. Ou seja, o talento do pesquisador está na base da pesquisa, elaboração dos dados e interpretação dos resultados. O modelo apenas processa as informações.

O capítulo sobre os grandes fiascos é um exemplo de como aprender com os erros para melhorar e sofisticar a análise. BdM previu que a reforma do sistema de saúde do governo Clinton seria aprovada pelo Congresso, mas seu modelo não contava (nem tinha como prever) com a ocorrência de denúncias de corrupção que acabaram por provocar a saída de um dos atores-chave no processo de tramitação do projeto na Comissão de Meios e Arbitragem. BdM usou essa falha grave para incorporar ao modelo modificações aleatórias nas variáveis-chave (posição, saliência, influência).

No site do livro (predicitioneersgame.com), o leitor pode testar por si mesmo a última versão do modelo que, além dos choques aleatórios, incorpora as variáveis de flexibilidade (capacidade de se comprometer com um posição mesmo que o resultado preferido não seja obtido ou de mudar de acordo com o vento, apoiando sempre a coalizão vencedora) e de poder de veto (uma dummie que identifica os atores que podem bloquear decisões).

A obra merece ser traduzida e consumida por alunos sequiosos de modelos analíticos com aplicação prática a problemas empíricos. A difusão do trabalho desse acadêmico prolífico e empreendedor pode provocar uma renovação na comunidade brasileira de Relações Internacionais, onde a metodologia quantitativa e as abordagens formais são vistas com desconfiança, desprezo ou sarcasmo.


Nota de Geometria da Realidade: Ficou claro então que o poder de adivinhar não vem do sobrenatural, e sim do conhecimento matemático e do contexto histórico, político e cultural vivenciado pelo assim chamado profeta. E o que dará tamanho a sua fama sempre será a ignorância (falta de conhecimento) daqueles que o cercam.


Por Akira



Fonte:

teoriadosjogos.net

diaadiaeducacao.pr.gov.br

tiexpert.net




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