sexta-feira, 13 de abril de 2012

Programas Espaciais Brasileiro, Norte Coreano e de Outras Nações


Agência Espacial Brasileira tenta novo recomeço
Em entrevista ao site de VEJA, o físico Thyrso Villela, diretor da área de satélites, 
conta como será a nova fase da agência e como ela poderá ajudar o país a conquistar a tão sonhada independência espacial
Marco Túlio Pires
Centro de lançamento de satélites de Alcântara, no Maranhão: "Brasil precisa ser capaz de lançar os próprios satélites de forma independente", diz Thyrso, da AEB (Agência Espacial Brasileira)


"Oque ganhamos com informação de meteorologia, por exemplo, chega a ser o equivalente ao que gastamos com nosso programa espacial anualmente, cerca de 300 milhões de reais."

"O programa espacial brasileiro apesar de ser velho, é novo. Começou há 50 anos, mas veio parando. Ficamos estagnados no tempo."Em números, o programa espacial brasileiro passa a impressão de ser grande, com seus 15 satélites, três foguetes e dois centros de lançamento — de acordo com informações da Agência Espacial Brasileira (AEB). No papel, se aproxima de potências emergentes como a China e a Índia. Na prática, contudo, o programa nacional, que em 2012 completa 18 anos, não apresenta resultados tão expressivos quanto aos outros membros do BRICS.

Dos 15 satélites listados no programa espacial brasileiro, apenas um está em funcionamento, nove foram desativados por atingirem o fim da vida útil e seis estão previstos para 'um futuro próximo'. Já entre os três foguetes, nenhum está em operação. Os dois centros de lançamento estão funcionando, mas eles não lançam foguetes de grande porte.

No entanto, nada está perdido, acredita o físico Thyrso Villela, diretor da área de satélites, aplicações e desenvolvimento da AEB. O doutor em astronomia pela Universidade de São Paulo (USP) garante que o Brasil está passando por uma transformação espacial inédita. Villela está na AEB há três anos.



Programa Espacial Norte Coreano (o histórico abaixo relata o lançamento de um foguete ao espaço em 5 de abril de 2009, da base de lançamentos costeira de Musudan-ri, no nordeste da Coréia do Norte).


Kwangmyŏngsŏng-2 (em coreano: 광명성 2; "Estrela Brilhante 2") é um satélite de comunicações ou um míssil com carga desconhecida.

Entrando em órbita terrestre, a Coréia do Norte se tornou a décima nação do mundo a lançar com sucesso um satélite orbital. Também fez do país o primeiro dos dois da península coreana a completar um lançamento orbital, batendo a Coréia do Sul que também anunciou o lançamento de seu primeiro satélite em 2009. O Japão e os Estados Unidos suspeitam que o lançamento esteja sendo usado para desenvolvimento de tecnologia para foguetes nucleares de longo alcance.

Com o anúncio do lançamento pela mídia sul-coreana, o Conselho de Segurança das Nações Unidas anunciou uma reunião de emergência no dia 6 de abril.

Antes do anúncio oficial do lançamento, foi anunciado que a Coréia do Norte preparava um teste com um foguete de longo alcance, em violação à resolução 1718 do Conselho da Segurança das Nações Unidas, que impôs uma série de sanções econômicas e comerciais ao país, por causa do teste nuclear realizado em outubro de 2006. Após o anúncio de que haveria um teste de lançamento de um satélite por parte dos norte-coreanos, os Estados Unidos anunciaram a intenção de interceptar o foguete após o lançamento, caso parecesse que ele não entraria em órbita, enquanto o Japão anunciava que poderia lançar um interceptador, caso o foguete ameaçasse seu território. O governo norte-coreano respondeu que consideraria esta ação japonesa um ato de guerra. A Coréia do Sul, o Japão e os Estados Unidos, posicionaram seus vasos de guerra equipados com mísseis antibalísticos no Mar do Japão, enquanto a Rússia pressionava os coreanos a não realizarem o lançamento, por causa de tensão nas relações internacionais no nordeste da Ásia.

O lançamento ocorreu em boas condições de tempo, com o foguete sobrevoando as ilhas japonesas e alcançando o espaço sobre o Oceano Pacífico. O primeiro estágio do foguete deveria cair no mar, 75 km a oeste do Japão, e o segundo estágio deveria mergulhar no Pacífico.

Navios de guerra dos três países aliados foram posicionados para monitorar o foguete durante o processo de lançamento. As autoridades japonesas anunciaram que não houve qualquer dano ao Japão como consequência do lançamento, e que os foguetes propulsores caíram no mar como havia sido esperado.

De acordo com o USCN (Comando Nordeste dos Estados Unidos), os estágios remanescentes do foguete junto com a carga caíram no Oceano Pacífico. Militares e analistas em Seul disseram que o foguete voou pelo menos duas mil milhas, dobrando o alcance do foguete anterior, Kwangmyŏngsŏng-1, feito em 1998. O governo norte-coreano, entretanto, afirmou que o lançamento foi um sucesso.




Programa Espacial Russo 
Por Carlo MOIANA Pravda. Ru MG Brasil


A Rússia pode, com toda justiça, ser considerada a terra natal da exploração espacial, pois foi pioneira em vários feitos durante o tempo da União Soviética. A lista das realizações espaciais soviéticas é longa: lançou o primeiro satélite artificial da Terra, o Sputnik I; colocou o primeiro ser vivo em órbita, a cadela Laika; mandou o primeiro homem ao espaço, Yuri Gagarin; também a primeira mulher, Valentina Tereshkova; realizou o primeiro passeio espacial fora de uma espaçonave, o do cosmonauta Aleksei Leonov; os primeiros veículos não-tripulados que pousaram na Lua e em Marte foram soviéticos; e até hoje, o único país que conseguiu descer uma nave em Vênus (planeta cuja superfície atinge mais de 400 graus Celsius de temperatura) foi a URSS. E desde a década de 70, a Rússia tem conseguido recordes de permanência no espaço que, embora não sejam tão espetaculares quanto os feitos anteriores, são importantes para preparar uma futura viagem tripulada a Marte.

Para ser justo com os EUA, este país conseguiu dois feitos que a URSS não pôde igualar: enviar seres humanos à superfície da Lua, sendo que o principal motivo que fez a URSS perder a corrida para a Lua foi seu excesso de confiança graças a seus sucessos (abro esta lacuna para declarar que a ída à lua pelos americanos é um feito em que o criador deste blog não acredita), e mandar naves não-tripuladas para os planetas exteriores, além da órbita de Marte (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno; Plutão permanece o único planeta não explorado do sistema solar. A NASA tinha um projeto conjunto com a Rosaviakosmos, a agência espacial russa, na década de 90, para enviar uma sonda até esse planeta; projeto que teve sua verba cancelada por George W. Bush, que prefere gastar dinheiro com armas, guerras e confrontação, do que no desenvolvimento científico pacífico e em parceria com outros países). Os EUA com certeza têm uma grande importância e seu lugar garantido na história da exploração humana do espaço; mas temos que reconhecer que é bem menor do que o pioneirismo da URSS. Pioneirismo, aliás, que começa bem antes de 1957 (ano do lançamento do Sputnik I), e que data ainda do século XIX, quando um professor primário de Ijevski (na época, uma pequena cidade isolada da Rússia tsarista, hoje capital da república autônoma da Udmúrtia, na Federação Russa) começou os primeiros estudos verdadeiramente científicos acerca da possibilidade de mandar engenhos e até pessoas para além do orbe terrestre: foi Konstantin Tsiolkovski, cujos trabalhos teóricos influenciaram e anunciaram quase tudo o que Sergei Korolyov, engenheiro-chefe do programa espacial soviético nos gloriosos tempos do Sputnik e de Gagarin, iria fazer 80 anos depois.

Se um dia a humanidade chegar a colonizar outros planetas e explorar outros sistemas solares, poderão dizer que, sem dúvida alguma, foi na Rússia que tudo começou, tanto na teoria quanto na prática.

Depois do fim da URSS, porém, virou moda ridicularizar e menosprezar o programa espacial russo. Era comum chamar a estação espacial Mir (principal equipamento dos projetos tripulados russos nas décadas de 80 e 90, e a mais complexa estrutura orbital já montada por um só país) de "calhambeque espacial". Também o filme "Armaggedon", de 1998, com Bruce Willis, mostra uma estação russa (inspirada na Mir), que mais parece uma máquina a vapor do século XVIII, desmantelando-se no espaço. E quando a NASA decidiu enviar seus astronautas à Mir houve um certo repúdio da sociedade norte-americana, contrária a que fossem enviados seus homens a veículos estrangeiros "inferiores", onde eles supostamente correriam sério risco de vida.

De fato, a partir de 1996, a estação Mir passou a apresentar problemas técnicos, que incluíram uma colisão com uma nave não-tripulada, a despressurização de um de seus módulos, e até um incêndio a bordo. Apesar desses contratempos graves, nunca um único tripulante da Mir ficou ferido ou correu risco de vida (nunca o perigo foi suficientemente sério que justificasse o abandono da estação). E é natural que esta estação apresentasse problemas, uma vez que começou a ser construída em 1986, com uma vida útil estimada de 6 a 8 anos. Os soviéticos planejavam aposentá-la no máximo até 1994, e em substituição construiriam a estação Mir 2, ainda maior e mais capaz, que acabou sendo atrasada (e depois cancelada) com o fim da URSS e a crise econômica da Rússia nos anos 90 (o único módulo da Mir 2 que chegou a ser construído foi afinal utilizado na atual Estação Espacial Internacional, da qual a Rússia é parceira importantíssima). O fato da Mir ter continuado operacional por muito mais tempo do que o previsto (só foi desativada em 1999), apesar de problemas técnicos, mostra não a deficiência, mas a tremenda confiabilidade desse engenho, que superou em muito as expectativas iniciais.

Mas o que prova o enorme sucesso do programa espacial russo é a segurança de seus foguetes. Os Estados Unidos tiveram já dois acidentes fatais com suas naves reutilizáveis (os ônibus espaciais) em pouco tempo: em 1986 a Challenger explodiu na decolagem, matando seus 7 tripulantes; e neste ano a Colúmbia também explodiu, matando outra vez todos os seus 7 tripulantes, desta vez nas manobras de pouso. Em 17 anos (o que não é muito tempo, considerando que há apenas 4 ou 5 lançamentos de naves tripuladas por ano), houve dois acidentes fatais com naves norte-americanas e 14 astronautas mortos. Ao contrário do que pensava a opinião pública norte-americana, a Mir era no final das contas muito mais segura do que os ônibus espaciais da NASA. Por outro lado, o último acidente fatal com cosmonautas russos deu-se em 1971, quando uma nave Soyuz despressurizou-se durante a reentrada na atmosfera terrestre, matando 3 tripulantes.

Depois disso, a Soyuz passou por aperfeiçoamentos, é utilizada até hoje, e nunca mais houve uma única morte, um único acidente sério no programa tripulado russo. Mais de 30 anos sem nenhuma baixa ou acidente grave, considerando que a URSS lançava muitos mais foguetes tripulados nas décadas de 70 e 80 do que os EUA, é sem dúvida um recorde impressionante de segurança e confiabilidade. Nesses aspectos, o programa espacial russo supera imensamente o norte-americano.

Cabe ainda notar que, agora que todos os vôos tripulados dos EUA estão suspensos, depois da tragédia da Columbia, quem está mantendo em funcionamento a Estação Espacial Internacional, enviando-lhe tripulantes e naves de reabastecimento, é a Rússia. Só é incompreensível que, diante de todos esses fatos, a imprensa dos EUA e de vários outros países ainda tenham o despeito de desmerecer e ridicularizar o notável programa espacial russo. 



Programa Espacial Norte Americano
Por tecnologia.uol.com.br






CABO CANAVERAL, EUA, (AFP) -Concebido nos anos 1970 como veículo espacial econômico para alcançar a órbita terrestre, a nave espacial dos Estados Unidos, que combina as características de um ônibus e de um caminhão, enfrentou altos e baixos desde seu primeiro voo há três décadas.

O ônibus espacial nasceu em 1972, com a decisão do presidente Richard Nixon de lançar o programa. O primeiro voo orbital, o da Columbia, ocorreu em 12 de abril de 1981, com apenas dois astronautas a bordo.

O voo número 25 foi dramático: em 28 de janeiro de 1986, a nave Challenger explodiu diante das câmeras de televisão 73 segundos depois de decolar.

Os sete membros da tripulação morreram, entre eles Christa McAuliffe, 37 anos, que se tornaria a primeira professora a voar para o espaço.

A nave permaneceu paralisada durante quase três anos e reiniciou suas expedições em setembro de 1988 com o voo do Discovery.

Um dos pontos culminantes da história da nave espacial ocorreu em 1990, quando o Discovery decolou com o primeiro telescópio espacial, o Hubble, que revolucionou a história da astronomia.

O piloto da nave era Charles Bolden, atual diretor da Nasa e primeiro negro a ocupar esse cargo.

No final de dezembro de 1993, o Endeavour efetuou a primeira missão de manutenção do telescópio com o objetivo de corrigir um defeito de concavidade apresentado pelo Hubble em um espelho, de fato inutilizável. A nave efetuaria outras quatro missões de manutenção do telescópio, a última delas em 2009.

O voo do Discovery, em fevereiro de 1995, marcou o início de uma estreita colaboração espacial entre Rússia e Estados Unidos. O orbitador transportou então um cosmonauta russo e chegou a se aproximar bastante da estação russa MIR, que tinha sido voluntariamente desorbitada com o objetivo de realizar sua destruição em 2001.

Três meses mais tarde, o Atlantis realizou a primeira de nove missões à MIR, incluindo nesse voo quatro russos e um americano.

A construção da Estação Espacial Internacional (ISS) em 1998, cujo primeiro módulo Zarya (russo) foi colocado em órbita por um foguete russo Próton em novembro daquele ano, implicou na missão mais importante da nave americana.

Os lançamentos de naves já eram comuns, mas em 1 de fevereiro de 2003 ocorreu uma nova catástrofe: o Columbia desintegrou-se ao retornar à atmosfera, e seus sete tripulantes morreram.

Não haveria mais voos durante dois anos e meio. Uma comissão de investigação designada para analisar as causas do acidente criticou a Nasa e formulou drásticas recomendações para melhorar as condições de segurança.

Mas em julho de 2005, em seu primeiro voo depois da paralisação do programa, o Discovery perdeu um fragmento de grandes dimensões de espuma isolante no momento do lançamento, sem chegar a danificar o escudo térmico do orbitador. Esse mesmo problema esteve na origem do acidente do Columbia.

As naves permaneceriam novamente nos hangares durante um ano.

Depois de novas medidas para dar segurança máxima à tripulação, em 4 de julho de 2006 os voos foram retomados, com um Discovery reformado. 

A decolagem da Atlantis na sexta-feira de 8 de julho de 2011, marca o último passeio espacial desse tipo de aparelho.

No total, 385 pessoas de 16 países, na maioria americanos, voaram em uma nave espacial.




Ministro promete fortalecer programa espacial brasileiro
Marco Antonio Raupp, novo ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação falou à VEJA como pretende acelerar o processo de inovação do país e fazer decolar a política espacial. Ele também ressalta a importância de se aumentar os investimentos na região amazônica.

Extraído da edição da Veja de 08 de fev de 2012


O físico Marco Antonio Raupp chegou ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação com alguns problemas para resolver a curto prazo. A começar pela retomada da relação com a maior comunidade astronômica do mundo, o Observatório Europeu do Sul (ESO). Durante a gestão de seu antecessor, Aloizio Mercadante, houve um inexplicável silêncio que quase pôs a perder a participação brasileira em um dos mais importantes projetos científicos da atualidade. O Brasil deveria ter dado uma resposta ao consórcio até 21 de dezembro de 2011, mas de acordo com o diretor da organização europeia, Tim de Zeeuw, as negociações foram completamente ignoradas. Raupp diz ter o aval da presidente Dilma para concluir as negociações. 

Raupp também será responsável por fazer decolar a Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), criada em 2011 para melhorar a relação entre empresas e pesquisadores, uma forma de estimular a inovação do país e o registro de novas patentes, duas áreas ainda muito imaturas no Brasil. 

O novo ministro também pretende melhorar a relação entre a AEB (Agência Espacial Brasileira) e o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). As duas instituições deveriam atuar de modo complementar, mas acabam batendo a cabeça e desperdiçando dinheiro em projetos que não se integram. De acordo com Raupp, falta delegar responsabilidades complementares para as duas instituições. "Proponho um Conselho Nacional de Políticas Espaciais presidido pela presidente da República." Segundo o novo ministro, as demandas espaciais do Brasil virariam "assunto de gente grande", com a participação de outros ministros e nutrido por diferentes fontes de recursos, não apenas pelo minúsculo cofre da AEB. 

Raupp assume a pasta com a confiança de grande parte da comunidade científica. O novo ministro tem vasta experiência acadêmica. É físico com doutorado em matemática pela Universidade de Chicago, nos EUA. De 1980 a 1985 foi pesquisador titular no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), do qual se tornaria diretor no período 2001-2006. De 1985 a 1989 foi diretor geral do Inpe. Foi presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) entre 2007 e 2010, e foi nomeado presidente da Agência Espacial Brasileira em 2011. 

O senhor assumiu dizendo que quer dar continuidade a políticas da gestão anterior, mas "fazendo a roda girar mais rápido". Como isso será feito? 
O que eu quis dizer é que não vamos desenhar uma política completamente nova. Passamos um ano construindo uma estratégia de ciência, tecnologia e inovação (CTI) para o Plano Plurianual de Planejamento, entre 2012 e 2015. Vamos acelerar o passo. O desafio é fazer a articulação dos focos que achamos importantes com a viabilidade dos projetos. Não é uma tarefa de salvador da pátria. É tarefa de operário na construção dessas políticas. 


Que ideias o senhor vai levar para o ministério? 

Existem várias coisas que podemos fazer. Temos que nos debruçar definitivamente sobre a questão da Amazônia — e temos políticas bem definidas. Vamos aumentar os investimentos na região. Para que isso aconteça, existem dois aspectos que posso impulsionar: o primeiro é a estrutura de comunicações na região amazônica. Isso será feito com o projeto do satélite geoestacionário de comunicações. Ele poderá ser base para o projeto nacional de banda larga, pois não há estrutura de internet com velocidade requerida para atividade científica na Amazônia. É uma questão de infraestrutura. Se quisermos envolver o país todo nas pesquisas da Amazônia, temos que conectar a região. 


Qual é o segundo aspecto? 

A iniciativa privada. O governo deverá trabalhar no sentido de criar mais oportunidades para agentes privados de modo que sejam gerados produtos a partir da nossa riquíssima biodiversidade. Isso será articulado com um sistema de parques tecnológicos na Amazônia. Eles vão criar um ambiente para empreendedores se envolverem nesses processos. Serão passos dados pelos governos federal e estaduais. 


A parceria do Brasil com o consórcio europeu de observatórios, o ESO, tem o aval da presidente Dilma?

Sem dúvida alguma. Ela disse que o MCTI tem que fazer isso. No momento em que as condições se viabilizarem, esse projeto será tocado. A carta está pronta para ser enviada ao Congresso para ratificação. Só estamos aguardando a questão orçamentária para ser uma coisa responsável. Vamos dar continuidade ao processo. 


Críticos da entrada do Brasil no ESO dizem que vai faltar dinheiro para outros projetos. De onde vão sair os 250 milhões de euros que garantem a participação brasileira?

No momento em que ele for plenamente aprovado, não vai faltar dinheiro. Na minha experiência, o Brasil mantém muito bem esses acordos internacionais. Não vamos deixá-lo cair, apesar dos prazos. Vamos encontrar um caminho para viabilizá-lo.


Em sua gestão, o que será feito com a Agência Espacial Brasileira para que o nosso programa espacial decole de vez? 

Faremos as alterações possíveis na parte institucional e financeira. Como unidade de planejamento, a agência precisa atender todas as demandas de setores do governo e da sociedade. Tenho proposto e vou continuar propondo que a política espacial seja decidida por um Conselho Nacional de Políticas Espaciais, com a participação do alto escalão do governo. Hoje, o conselho superior da AEB é presidido pelo presidente da agência. O Conselho Nacional de Políticas Espaciais deveria ser presidido pelo presidente da República. 


Quais outras alterações seriam feitas na AEB? 

A agência, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) não podem atuar separadamente. É preciso harmonizar a operação conjunta dos três órgãos, para que se estabeleçam vínculo e relações formais entre eles. 


Como essa harmonia será estimulada? 

A história das duas instituições muitas vezes as coloca em posições antagônicas, mas isso tem que acabar. Cada instituição precisa seguir responsabilidades diferentes e complementares. Proponho que a AEB e o Inpe integrem um mesmo sistema com responsabilidades diferentes. O Inpe seria o elemento tecnológico do organismo, e a agência faria o planejamento. Sobre o orçamento da agência, a questão não é pedir mais dinheiro para o programa espacial. Só podemos pedir quando tivermos projetos bons que se justifiquem perante a sociedade. 


Na opinião do senhor, o governo estimula a inovação suficientemente? 

De um modo geral o governo tem politicas econômicas que contemplam certo apoio, para criar infraestrutura para as empresas. Algumas áreas são fundamentais para estimular a inovação nas empresas, por exemplo, a área de defesa. Já temos isso no Brasil, não estamos no zero. Não temos uma tradição disseminada de inovação, mas temos bons exemplos de coisas que funcionaram. 


Por que a inovação ainda não tem força no Brasil? 

A nossa cultura é diferente. Nosso desenvolvimento industrial se deu sob um regime protecionista. O mercado agora é globalizado, inclusive o nosso. Temos que ter empresas competitivas no mercado mundial e aqui dentro também. Se não estimularmos a inovação e se não fizermos com que as empresas se dediquem a isso, não tem jeito. 


O que o ministério pode fazer para estimular as empresas a inovar? 

Os parques tecnológicos, como já mencionei, podem contribuir grandemente para geração de novas empresas e inovação. Também temos que aproximar a produção de conhecimento com o setor produtivo. A Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), uma iniciativa do Mercadante, vem fazer a associação da nossa rede de institutos tecnológicos com empresas. Ela vai prestar serviço de consultoria, ajudar no desenvolvimento de novas ideias e tocar projetos junto com as empresas. É mais ou menos o que a Embrapa fez com a agricultura, mas faremos com a inovação. Não é um instituto que vai ficar fechado fazendo o que dá na cabeça dele. Esse sistema só vai trabalhar com empresas e temas que as elas acreditam. Temos que agora, com a introdução da Embrapii, chamar o setor privado para contribuir. O desenvolvimento não é responsabilidade só do governo, mas da sociedade também. 


O senhor acha que o orçamento do ministério, cerca de nove bilhões de reais, é suficiente? 

Já vivi momentos em que investíamos muito mais. Hoje não investimos tudo que deveríamos, mas investimos tudo que é possível. Existem países que investiram muito menos e conseguiram crescer aos poucos. Nós mesmos temos excelentes exemplos sobre como levar tecnologia e conhecimento para as indústrias (como a capacitação tecnológica para tirar petróleo a sete mil metros de profundidade, com a Petrobrás), assumimos o primeiro lugar na exportação de alimentos, criamos empresas como a Embraer. Temos feito isso e estamos crescendo.








Editado por Akira





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